– Excelência…
– Bom dia, ilustríssimo.
– Um cafezinho, por favor. Vossa Senhoria soltou hoje o preso que eu mandei prender ontem?
– Sim, Vossa Magnificência, mandei. Dois, por favor.
– Alicerçado em que jurisprudência, Eminência? O meu sem açúcar.
– Adoçante para mim. Eu me basto jurisprudencialmente, Vossa Reverendíssima.
– Vossa Santidade acha mesmo que pode fazer isso? Me vê um biscoitinho desses de nata.
– Posso, e não há nada que Vossa Alteza possa fazer. Um amanteigado pra mim.
– Vossa Majestade Imperial sabe que seu comportamento é teratológico – mais um, por favor – e exordialmente, incabível?
– Uma delícia esse amanteigado! Embrulha um pacotinho para eu levar para minha digníssima consorte. Vossa Mercê está equivocado,
– Vossa Graça exorbita. Um pacote para mim também, e pode misturar os de nata com uns de chocolate.
– Vossa Alteza Senhoril, summum jus, summa injuria. Ubi non est justitia, ibi non potest esse jus.
– Salus populi suprema lex esto, mas Vossa Onipotência se acha o próprio Onipotente!
– Ora ora, vejam quem fala! O egrégio Meritíssimo que quer para si todos os méritos!
– Passar bem, insigne Sumidade!
– Passar bem, supremo e excelso indígete togado!
(Os dois, em uníssono)
– Pendura a conta, Onofre!