Sabe quando você acorda depois de quase três meses em coma e percebe que o mundo está diferente? Nem eu nem você devemos saber, porque possivelmente não passamos por essa experiência, mas dá para imaginar, não dá?
Pois passei por isso na sexta-feira, quando fui a Nova Iguaçu, a trabalho.
Sou arquiteto, e arquiteto tem que ir aonde o terreno está. Como o terreno de um possível novo projeto estava em Nova Iguaçu, lá fui eu.
Tudo parecia do jeito que sempre foi.
Américas, Ayrton Senna, Abelardo Bueno e Transolímpica com tráfego intenso.
Avenida Brasil engarrafada.
Dutra com aquele trânsito pesado de sempre.
Nova Iguaçu de ruas lotadas.
Filas nas portas de bancos.
A mega-sena devia estar acumulada, porque havia aglomerações na frente de todas as lotéricas.
E também em todas as calçadas, em todos os sinais.
Tudo aparentemente normal, mas senti certa estranheza, e por uma coisa banal.
Pode ser uma nova moda, uma brincadeira tipo Pokemon, uma festividade local, mas… por que algumas pessoas, aqui e ali, usavam máscaras?
Não aquelas de Carnaval, cobrindo os olhos, mas coloridas, ora cobrindo só a boca, ora o queixo, ora pendurada na orelha.
Não deu para fazer uma estimativa confiável (eu estava dirigindo, tinha que me desviar dos pedestres, dos carros que entravam na preferencial, até de uma charrete), mas diria que cerca de 40% da pessoas usavam algo imitando máscaras, ou coisa que o valha.
Como podia ser alguma prescrição religiosa – e por acaso havia uma máscara no meu carro -, coloquei-a também.
Meus clientes não usavam máscara nenhuma. Me apertaram a mão efusivamente, o que também me deu uma sensação esquisita (nos quase três meses em coma metafórica, tive a impressão de não ter apertado a mão de ninguém, nem falado com ninguém a tão curta distância).
A experiência de ver aqui e acolá uma pessoa com um pano colorido na cara – ou no queixo, ou na orelha – me causou certo desassossego.
O resto estava normal.
Estranha e absolutamente normal.
Muito bom!
Enviada do Outlook Mobile
________________________________
CurtirCurtir