– Torre de controle, aqui é o capitão.
– Torre de controle na escuta, capitão. Prossiga.
– Quero trocar o engenheiro de voo, talquei?
– Durante o voo, capitão?
– Agora mesmo.
– Mas capitão…
– Eu sou o capitão, não sou? Quero colocar no lugar dele, hmmm, deixa eu ver, o comissário Éverton.
– O comissário Éverton tem conhecimentos para ser o engenheiro de voo?
– Ele trabalha no avião, porra. Conhece o avião. Já andou de avião. Quero o comissário Émerson como engenheiro de voo e pronto. O engenheiro antigo está demitido.
– Capitão, o senhor falou comissário Éverton ou comissário Émerson?
– Sei lá, porra. Um comissário aí.
– Está bem, capitão. O senhor está no comando, há de saber o que é melhor para a condução da aeronave até o seu destino.
– Eu andei pensando em mudar também o destino disso daí.
– O senhor quer mudar o plano de voo em pleno voo, capitão?
– Se os passageiros quiserem… E eu sei que os passageiros não estão satisfeitos de ser obrigados a viajar com o cinto afivelado, mesinha travada, não poder fumar… Tem muita gente insatisfeita com isso daí.
– Capitão, esses são procedimentos normais. É para a segurança dos passageiros e da tripulação.
– Falando em tripulação, eu não quero mais aquela aeromoça como chefe de cabine. Minha sobrinha, que está na poltrona 7F, é a nova chefe de cabine.
– Capitão, sua sobrinha trabalha na empresa? Tem os cursos?
– Contrata agora, porra. Contrato temporário. É que eu preciso de alguém de confiança na cabine enquanto eu vou lá fora trocar as turbinas.
– O senhor vai… trocar as turbinas?
– Vou. Elas estão me incomodando ali na asa. Não gosto de turbina zumbindo no meu ouvido.
– O senhor não prefere pousar primeiro para depois trocar as turbinas?
– Não. E quero as turbinas ali na parte de baixo. Naquele lugar ali, como é que chama? Aquele com pneu. Trem de pouso. Isso, quero as turbinas no lugar do trem de pouso.
– Capitão, vai ser difícil pousar sem os trens de pouso. Troque apenas a aeromoça e…
– Droga, tem uma luzinha vermelha acendendo aqui no painel. Ô da torre, como é que eu apago essa luzinha?
Uma façanha! Pobres passageiros… Já rebloguei, Eduardo.
https://brasildelonge.com/2020/04/24/apertem-os-cintos-2/
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Perfeito! Mais uma vez sua crônica é perfeita! Parabéns!
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Eh bem assim que esta nosso querido Pais! Infelizmente !
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A sua analogía é perfeita e assustadora, caro Eduardo! Daqui de longe na torcida! Um abraço
Thanya
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Meu medo é que o próximo passo seja tentar prosseguir o voo sem as asas.
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Eduardo, essa sua analogia é tão pertinente quanto assustadora!
Daqui continuo torcendo pela vitoria do bom senso no Brasil!
Um abraço
Thanya
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