Muitas mulheres reclamam (com razão) da opressão dos padrões estéticos impostos pelo patriarcado.
Isso começa na infância, com as Barbies – cópias de seres possivelmente alienígenas, de proporções incompatíveis com a anatomia humana – e prossegue vida afora com as modelos, que não são modelo de nada, porque não há cristão que consiga sobreviver à base de rúcula e cigarro.
Musas fítines com barriga negativa, glúteos de granito e coxas de jatobá também já deviam ter sido banidas da mídia. Blogueirinhas de moda, em quem qualquer roupa cai bem, idem.
As mulheres normais querem ver, nas vogues, nas marriclér, nos telejornais, na novela das nove, outras mulheres normais – ou seja, com estria, culote, bigode chinês e pé de galinha. Se possível, também com papada, pelanca, cotovelo escamado, joanete, dedo do pé encavalado e canela ruça.
Como manter a autoestima sabendo que o marido (ou amante, ou namorado ou match no tinder) tem fantasias com as coelhinhas do pôster central da Playboy americana – criaturas de seios inefáveis, virilha aveludada, púbis de pelúcia, pele esfumada e sem um poro sequer no corpo inteiro? Ou com as russas e ucranianas com roupa de menos e fotoxope de mais que insistem em procurar amor verdadeiro em saites suspeitos?
Pois saibam que os homens também sofrem com a opressão dos padrões sociais – no caso, os padrões eróticos impostos pela indústria dos filmes adultos e das sexxopes. Se duvida, digite “Rocco” na Netflix. Vai ver como a natureza não é justa.
Mas pelo menos o Rocco é um ser humano – sujeito, portanto, à câimbra, à dor nas juntas, à fadiga, ao “isso nunca me aconteceu antes”. Agora, como concorrer com um vibrador de 16 velocidades, diâmetro regulável, cabeçote giroscópico, modelo Turbo, feito de liga de aço-carbono, que funciona em modo “pulsar” e, se lhe pudessem acoplar uma hélice, bateria claras em neve com um pé nas costas?
Diante de equipamentos assim – disponíveis em tamanhos inverossímeis, com bateria de lítio e carga para duas horas ininterruptas – a opressão da celulite e das gorduras localizadas é pinto.
Se as mulheres querem ver atrizes sem maquiagem e sem fotoxope, e ter modelos pluçaize nos editoriais de moda, os homens deviam exigir direitos similares.
Por exemplo, vibradores com, no máximo, 12 cm de comprimento e consistência de mariola, dotados de bateria de 15 minutos – e meia hora para recarga. Sujeitos a dar tela azul assim, do nada, e não voltar a apresentar vitais nem com São Judas Tadeu na causa.
Vibradores sujeitos a estresse. Com boletos vencendo na segunda. Sensíveis a gatilhos do tipo crianças dormindo no quarto ao lado, referências ao ex, dúvida se a camisinha foi colocada direito ou se não soltou lá dentro.
Se inventarem o vibrador que diz “eu te amo” e liga no dia seguinte, até o Rocco tá lascado.
Consistência de mariola hahahahaha!
Eu sempre achei muito estranho que os vibradores sejam símbolos do “empoderamento” (argh) feminino, enquanto que homens que usam bonecas infláveis sejam considerados losers totais. Igualmente injusto, não acha?
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Injustíssimo. Mas, ao que tudo indica, sexismo reverso não é considerado sexismo.
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Fazia tempo que eu não ria tanto. Devia até pagar, tipo como consulta particular, dessas que nem convênio cobre. Obrigada!
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