DISCURSO 1
– Capitão, está pronto o discurso que o senhor lerá na ONU.
– Tá do jeito que eu pedi isso daí, né?
– Sim, senhor.
– Não tem parocita nisso daí, tem?
– Parocita?
– Parocita. Palavra difícil.
– Ah, proparoxítona! Não, não tem. Tiramos todas.
– Nem palavra com muita siba.
– Siba?
– Siba. Si-ba.
– Não, não. São todas com, no máximo três sílabas.
– A única que pode com mais que três é cor-ru-pi-ção.
– Fique tranquilo. Corrupção tem três.
– Ininterrups tem quantas?
– Cinco. Mas podemos trocar por “contínuo”, que tem só quatro.
– Eu sei contar, tá? Contino tem três! Deixa ininterrups mesmo, que contino parece que é ofisbói. E que palavra é essa daqui?
– Cônjuge.
– O quê queísso daí?
– Marido, mulher, companheiro…
– Ah, conge. Escreve direito, poha!
– Pronto, corrigido. Conge. Depois eu vejo se é com G ou com J.
– Falou dos trezens milhões que a gente pagou por agens cubanos?
– Falei.
– É muito importante falar isso daí lá pra ONU. E também do ganho de protividade.
– A produtividade, quer dizer, a protividade está mencionada.
– E tem que falar no nome do Trampe.
– Sim, incluímos o nome do Trump.
– Trampe. Tá errado isso daí. Tá escrito Trump. O nome dele é Trampe.
– Sorry, capitão.
– Cadê o nióbio? Discurso meu sem nióbio não existe. Tem que ter nióbio nisso daí.
– Tem.
– E tem que ter qüestão. É uma qüestão de estilo. O Lula tinha “cumpanhêros e cumpanhêras”. A Dilma tinha o “no que se refere”. Eu tenho a qüestão.
– Tem qüestão e qüestionar, para evitar qualquer qüestionamento.
– Cadê a parte que fala do Batistí?
– Quem?
– O Batistí, aquele bandido que eu queria prender, mas quem prendeu foi a Bolívia.
– Ah, o Battisti… Tá aqui o nome dele, logo antes da parte em que fala do Moro.
– Ficou bem claro que o Moro é o ATUAL ministro? Se falar que ele é só ministro vai parecer que pode ficar até o fim. Bota ATUAL ministro, pra ele sabe que é um dia de cada vez.
– Mais claro, impossível.
– Tem que falar também da ideologia, que só os outros é que têm (eu não). E da celamáter.
– Quem?
– Como é que você pode ser do Itamarati e não saber o que é a celamáter? A família, poha!
– Ah, a célula mater…. Sim, vamos falar dela.
– Dá pra falar também do Zero Um, do Zero Dois e do Zero Três?
– Não, capitão. Aí também é demais.
DISCURSO 2
– Treinando o discurso, filha?
– Grrrrrrr!
– Ótimo. Mas ainda pode trincar um pouco mais os dentes.
– Grrrrrrrrrr!
– Bom, muito bom. Se tremer mais as narinas e franzir as sobrancelhas…
– Grrrrrrrrrrrrr!
– Isso. Um pouco mais de ódio no olhar, uma coisa meio Nazaré Tedesco, meio Perpétua, a irmã da Tieta.
– Grrrrrrrrrrrrrrrrr!
– Perfeito. Boralá falar do seu amor pela Humanidade.
I português é uma língua difícil, acho que vc gostava era da verborragia do 🦑 e da Dilmanta
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É, menino…
Ando por fora…questões de saúde mental!
Se não cuido de mim, quem cuida?
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Sou sua fã de carteirinha, os textos são sempre elaborados e bem escritos, inclusive esse.
No que se refere ao conteúdo do discurso do presidente na ONU, me pareceu muito bom.
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Tem que acabar com isso, talquêi? Muita letra à toa, va-ga-bun-da!
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Muito bom!
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