
Confira a coluna de hoje n’O Globo:
Quando garoto, era fascinado pela Amazônia. Pelo reino das Amazonas, pela lenda do Eldorado, a história do Marechal Rodon e o Serviço de Proteção ao Índio, a saga dos irmãos Villas-Boas no Xingu.
Paradoxalmente, era fã de Amaral Netto, o repórter, e sua narrativa épica da conquista do “inferno verde”, com imagens da Transamazônica rasgando o ventre da floresta para integrá-la à civilização, ao lado de cá do Brasil.
Eu era outro. Era outro mundo. Outro Brasil.
Hoje o índio é aquele sujeito que não fala nossa língua – mas ainda penso que somos nós que não falamos nenhum dos seus centenas de idiomas, tantos deles já extintos. Que ocupa 14% do território e inviabiliza o progresso do país – mas 100% do território era dele, e os 86% que ocupamos dão e sobram para todo o progresso que quisermos.
A Hiléia de Humboldt virou território de disputa entre grileiros, madeireiros, garimpeiros, políticos europeus tentando se desviar dos problemas internos e políticos tupiniquins se agarrando a uma causa irracional e, a longo prazo, suicida. Tendo como assistentes de palco celebridades desinformadas e como plateia uma claque disposta a engolir qualquer imagem tirada de contexto, qualquer informação manipulada.
Bem que tentei, mas não tinha como não falar disso hoje, sexta, n’O Globo.
No, we don’t have O Globo.
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