Há dois tipos de palavras: as proparoxítonas e o resto.
As proparoxítonas são o ápice da cadeia alimentar do léxico.
Estão para as outras palavras assim como os mamíferos para os artrópodes.
As palavras mais pernósticas são sempre proparoxítonas. Das mais lânguidas às mais lúgubres. Das anônimas às célebres.
Se o idioma fosse um espetáculo, permaneceriam longe do público, fingindo que fogem dos fotógrafos e se achando o máximo.
Para pronunciá-las, há que ter ânimo, falar com ímpeto – e, despóticas, ainda exigem acento na sílaba tônica!
Sob qualquer ângulo, a proparoxítona tem mais crédito.
É inequívoca a diferença entre o arruaceiro e o vândalo.
O inclinado e o íngreme.
O irregular e o áspero.
O grosso e o ríspido.
O brejo e o pântano.
O quieto e o tímido.
Uma coisa é estar na ponta – outra, no vértice.
Uma coisa é estar no topo – outra, no ápice.
Uma coisa é ser fedido – outra é ser fétido.
É fácil ser valente, mas é árduo ser intrépido.
Ser artesão não é nada, perto de ser artífice.
Legal ser eleito Papa, mas bom mesmo é ser Pontífice.
(Este último parágrafo contém algo raríssimo: proparoxítonas que rimam. Porque elas se acham únicas, exóticas, esdrúxulas. As figuras mais antipáticas da gramática.)
Quer causar um impacto insólito? Elogie com proparoxítonas.
É como se o elogio tivesse mais mérito, tocasse no mais íntimo.
O sujeito pode ser bom, competente, talentoso, inventivo – mas não há nada como ser considerado ótimo, magnífico, esplêndido.
Da mesma forma, errar é humano. Épico mesmo é cometer um equívoco.
Escapar sem maiores traumas é escapar ileso – tem que ter classe pra escapar incólume.
O que você não conhece é só desconhecido. O que você não tem a mínima ideia do que seja – aí já é uma incógnita.
Ao centro qualquer um chega – poucos chegam ao âmago.
O desejo de ser uma proparoxítona é tão atávico que mesmo os vocábulos mais básicos têm o privilégio (efêmero) de pertencer a esse círculo do vernáculo – e são chamados de oxítonos e paroxítonos. Não é o cúmulo?
(originalmente publicado em 21 de maio de 2018)
Estou achando o máximo receber os textos por e-mail, pois estou conseguindo organizá-los para uso ( com devidos créditos) com pacientes com dificuldades de leitura/ interpretação . Muito obrigada.
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Esse texto não é só excelente, é magnífico!
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SENSACIONAL! Sempre amei as proparoxítonas ❤
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Gostaria de receber por email, amei!!!
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Top. Parabéns pelo esplêndido uso dos vocábulos prparoxítonos.
Foi algo inédito para mim.
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Excelente. Parabéns!
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Fantástico!!!
Muito Bom!!!
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Muito divertido o texto. Vê-se mesmo que o Sr. é alguém que ama as palavras!
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Bárbaro!!!!!!!!!!!!!!
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Maravilhoso o Texto ! Vou Usá -lo com meus Alunos . Parabéns !!! Gostaria de Receber mais , no meu e- mail ! Grata
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Nossa língua portuguesa é maravilhosa E muito rica!
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Amo ler tudo que for publicado…. excelente matéria
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Virei fã.
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O poeta escritor só não disse que, as proparoxítonas são acentuada justamente por serem as palavras mais raras da nossa língua portuguesa. Não existe nenhuma regra gramatical, só raridade.
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Fantástico! Este nosso português é um escândalo. Adoro.
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Vivas ao idioma – o idioma culto – de Camões!!
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Eduardo Affonso, boa noite. O seu texto sobre as palavras proparoxítonas é genial. Será uma satisfação compartilhá-lo, também pela beleza da análise e bom humor. Muito obrigado.
Odilson
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Chico Buarque e elas.
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Chico e impressionantemente sábio.E o maior compositor brasileiro.Inspiracao com paroxítonas e gênio.
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Exelente texto!!!
Quero receber por e-mail.
Grato
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Exelente texto!!!
Quero receber por e-mail.
Grato
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Expressarei-me, utilizando proparoxítonas no grau superlativo absoluto sintético para qualificar este texto:
Inteligentíssimo, belíssimo!
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Um espetáculo esse texto, e por que não dizer, uma parábola. Riquíssimo.
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Eu sou fã número um das palavras proparoxítonas e não me contenho quando grafadas sem acentuação.
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É rica de fato a “última flor do Lácio”, por isso mesmo a encheu de encômio o egrégio poeta brasileiro, Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilc.
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Sensacional! Poético e divertido! Gratidão!
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