Mormente

Sempre quis escrever um texto em que usasse palavras como
entrementes
outrossim
sobremaneira.

Nunca tive esse condão.

Sempre me faltou, sei lá, elã.

Elã é outra que jamais tive como usar.

Tampouco consegui usar
somenos
soez
desídia
menoscabo.

E olha que menoscabo sempre foi das minhas favoritas.

Se eu fosse, quiçá, juiz do Supremo, empregaria todas amiúde num único axioma, e com muita picardia.

Inclusive quiçá e amiúde, que são assaz pulcras e garbosas.

Pulcra também não rolou.

Nem assaz. Muito menos garbosa.

Queria escrever, aqui ou algures, que fiquei amofinado depois de uma carraspana, e destarte me retirarei para os meus aposentos, à sorrelfa.

Mas hei de fenecer sem que meus textos tenham tido esse apanágio.

De que servem essas palavras intáteis, alcantiladas, senão para nos obsedar, nos fazer anelar em vão?

Em vão, não.
Debalde.

Sempre quis usar debalde num texto.

Um dia consigo.

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